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quarta-feira, 21 de maio de 2008

EDUCAÇÃO E GESTÃO ESCOLAR

A gestão escolar

A gestão escolar não está tão somente na administração, ou seja, o gestor, não deve estar voltado para atuar como um administrador de uma empresa. É claro que implica sim, no saber técnico. Todavia, há que se observar a importância da liderança política. Nessa liderança, estão implícitos os saberes, as atitudes. Gerir um grupo de pessoas, uma instituição da magnitude de uma escola. É preciso que o gestor saiba associar os locais de Educação com a vida cotidiana de todos ali inseridos. Trabalhar a trajetória da escola, o currículo de sua existência como o currículo propriamente dito aplicado no plano pedagógico.

A função do diretor

Entre tantas as capacidades e habilidades, o diretor deve estar voltado à administração de forma mais pedagógica. Grosso modo, ele deve ser portador de alguns adjetivos fundamentais às suas funções. O diretor deve ser facilitador, mediador, organizador, articulador e condutor. São adjetivos essenciais, para uma função que está inserida no contexto de processos interpessoais.

Relação entre comunidade e escola e os processos de participação

Muito mais que ir ás reuniões entre pais ou responsáveis de alunos, direção e corpo docente, a comunidade deve está voltada para a participação mais efetiva da escola e seu cotidiano. E, cabe a todos os profissionais da educação, fomentar instrumentos que tragam a comunidade para dentro da escola e a escola para dentro da comunidade. Este processo deve ser mútuo e recíproco. Ambas são por excelência indissociáveis na construção do saber. O entorno da escola e da comunidade, ainda é um terreno conhecido superficialmente por uma ou outra. Interação e integração, são as palavras de ordem na atual conjuntura.

O Projeto pedagógico e possíveis entraves para implantação

Este, é o que se pode denominar de uma carta magna. É a cara da escola. O projeto deve ser suscitar a participação e o envolvimento da comunidade. Uma direção que o Projeto Pedagógico deve conduzir a escola é no caminho do trabalho em rede, envolvendo outras escolas. A troca de experiências é algo enriquecedor e frutificante. Contudo, alguns entraves, como a falta de tradição democrática no Brasil, diga-se de passagem que, democracia não está restrita apenas na escolhas de governantes pelo povo, mas pelo exercício participativo. Nesse exercício, àqueles, cuja função é dirigir, chamam o povo a co-dirigir, propor projetos e apresentar soluções. Outro aspecto relevante, é a gestão do tempo. Não há como trabalhar vários aspectos, sem que haja uma administração do tempo. O homem tornou-se escravo do tempo, quando deveria ser este, o tempo, um servo das necessidades humanas.

Ética e estética do espaço

A Ética depende da estética. Mas, por quê? Ora, a estética nada mais é do que o reflexo do comportamento, das ações que desprendemos sobre o espaço no qual desempenhamos nossas funções, como viver, trabalhar, estudar, entre outras. Ética, quer dizer o cumprimento de regras estabelecidas, valores morais, onde se propõe agir de uma forma que não infrinja os direitos de outrem e se deve agir com limites e honestidade. Ética é a educação da vontade pela razão. E é nesse contexto que a estética sofre a ação para melhor ou pior. Ou seja, porque devemos colocar um papel no cesto de lixo, uma vez que, por perto não há nenhum cesto de lixo?Porque devemos manter ou organizar as cadeiras da sala de aula, sendo que, quando chegamos as mesmas já se encontravam fora do lugar? A partir de conceitos dessa natureza que o espaço é o que é. Se porventura, nesse espaço, há pessoas comprometidas moralmente consigo mesmas e para com a qualidade estética, o espaço é evidentemente um lugar prazeroso de se estar. Caso contrário, a tendência é ter um lugar deplorável, impregnado pela ausência da vontade de trabalhar, de ali estar.

Importância do diálogo

A riqueza da escola está nos diferentes pontos de vista. Aliás, diferentes modos de pensar é o que fazem a diferença.Não se pode atingir um grau máximo de concordância. Mesmo que esse grau de concordância seja mínimo, ainda assim, é primordial para fazer crescer esse ou aquele projeto. É fundamental salientar saber ouvir e respeitar a opinião do outro. Quando as diferentes opiniões são levadas em conta, as idéias fluem naturalmente. A gestão torna-se mais agradável, a escola passa a ser um lugar no qual nos sentimos felizes. A nossa subjetividade não deve nos impedir de saber aglutinar as boas e as más idéias. Afinal, o outro também tem um olhar subjetivo sobre nós. Sem o diálogo, não há como dividir, somar, multiplicar e subtrair. Essas são, por excelência, as quatro operações básicas, essenciais para o crescimento no âmbito escolar.

Pilares da Educação

Aprender: a conhecer, a fazer, a viver e a ser. Estas são as bases também do processo de desenvolvimento do homem durante a sua existência. Conhecendo se pode fazer, ou fazendo, pode-se adquirir a experiência, esta por sua vez, traz o conhecimento.Viver e ser, também estão intrinsecamente ligadas.Vivendo tem-se a experiência e sendo, não há como fugir a essa regra, porque todos são, alguém, por mais apagada que seja sua participação no contexto a que pertence. Estas palavras formam um círculo, no qual é precioso saber como utiliza-las. A escola, a Educação como um todo, é a construção contínua do conhecimento, as relações que existem e acontecem dentro da escola, por mais conflituosas, devem ser trabalhadas a partir da palavra “aprender”. Aprender para aprender e, para apreender. Mas por quê? Quem ensina aprende a aprender, e quem aprende, aprende a ensinar. E ambos, aprendem a apreender.

Ouros aspectos

A escola hoje deve está inserida num contexto amplo, ou seja, comunidade, discentes, gestores, coordenadores, diretores, supervisores, enfim, todos têm uma atuação também como formadores de um sistema de ensino voltado para o pleno exercício da cidadania. Como disse o mestre Paulo Freire, é preciso que a escola se abra mais no sentido de provocar,pedir, desafiar e convocar. A educação é por excelência, uma atividade que requer gestão participativa. E isso implica em fazer da escola uma instituição democrática no sentido literal da palavra.

“Uma escola cidadã seria a seguinte: é a escola que procura plenamente viver a sua autonomia de ser. Só é escola cidadã na medida em que, optando pelo exercício da cidadania, briga para constituir-se num espaço/tempo formador de cidadania.” ( P. Freire)

sábado, 26 de abril de 2008

LUÍS XIV - O REI SOL


QUADRO RETRATANDO O TÍTULO DE LUÍS XIV, REI DE FRANÇA, CONHECIDO COMO "REI SOL".

França, 1643. Sobe ao trono com apenas cinco anos o Luís, filho de Luís XIII e Ana de Áustria. O pequeno, seria conhecido como Luís XIV, o “Rei-Sol”, um ícone da representação do poder na Época Moderna..Luís XIV é o rei que ultrapassou as barreiras do século XVIII. Mas o centro desse estudo encontra-se no processo de fabricação da imagem pública desse soberano.

Durante seu reinado, Luís XIV procurou uma composição de imagens favoráveis que mostrassem uma prosperidade no governo. Em meio a um complicado emaranhado jogo político, dentro e fora da corte, Luís XIV visa apresentar essa produção das imagens como artifícios de dominação e equilíbrio perante seus súditos, dentro e fora do território francês. Cabendo ressaltar que os meios de comunicação não eram de massa, e sim voltados para a elite. Luís XIV influenciava, mas também era influenciado por outros soberanos e procurava sempre ultrapassá-los. Além disso, muitas influências em seu governo serão consideradas: antigas, medievais, renascentistas, barrocas, entre outras.
Luís XIV estabeleceu com maestria uma relação entre a arte e o poder. Seu intuito não era apenas a arte pela arte e sim seus usos no mundo do poder. E dentre esses usos, encontra-se a teatralidade do poder, algo não muito comum para o século .LUÍS XIV, GOVERNAVA COM A ARTE E O PODER. A POSTURA DIANTE DA CORTE ERA FUNDAMENTAL, PARA ESTABELECER O PRESTÍGIO E LEGITIMAR O PODER E A LINHAGEM NOBRE DO ABSOLUTISMO FRANCÊS, CONFORME PODE-SE NOTAR NA PINTURA ACIMA.

“O rei Sol”, governava como se estivesse num teatro. E este palco, identificado com o cerimonial, era fundamental para o fortalecimento e centralização do poder. Sendo um governante que manipulava o cerimonial, Luís XIV pode ser analisado sob duas visões: a cínica e a inocente. A primeira parte do pressuposto que todas as manifestações artísticas seriam utilizadas puramente para manipular, para enganar ao público. A segunda encontra-se no outro extremo, onde todas as pessoas perceberiam os rituais, os símbolos, os mitos da mesma maneira e como expressões concretas da realidade.Tal fato obedeceria a uma necessidade, seja ela consciente ou não. Todavia, a tudo isso, parece-nos terminar numa única visão: uma síntese. Um equilíbrio, do qual percebido nasce um apoio intenso dos jesuítas ao rei, apenas por seu interesse em acabar com o protestantismo.

Entre outros, existem uma infinidade de instrumentos pelos quais se construiu e se expandiu a imagem pública do rei francês, como por exemplo: medalhas, tapeçarias, estátuas, pinturas, panegíricos, periódicos, rituais, peças de teatro, balés, óperas, retratos solenes e muitos outros. Cabe destacar que os cerimoniais ou rituais de todo tipo, a coroação e sagração do rei; as entradas reais nas cidades; o toque régio para curar uma doença de pele chamada escrófula (uma manifestação do caráter sagrado das monarquias francesa e inglesa); a recepção de embaixadores estrangeiros, etc, são tratados como meios de comunicação, meios pelos quais são produzidas imagens vivas do soberano. Acrescentam-se também, imagens que ficam imortalizadas pelos relatos escritos das cerimônias, material que deve ser considerado e apreciado pelo historiador como uma fonte histórica preciosa.

A teatralidade na vida cotidiana do rei estava presente até mesmo nas cerimônias do levantar pela manhã e ir se deitar à noite, poderiam ser consideradas como encenações, uma vez que obedeceriam a critérios já estabelecidos e eram sempre re-atualizadas. Dessa forma, Luís XIV seria um ator diariamente, quando houvesse público.

Qual foi o impacto de uma pintura em relação a um panegírico, ou de um periódico e um arco de triunfo, por exemplo? De certo, as estátuas, pinturas, eram meios de comunicação privilegiados, uma vez que permitiam superar os obstáculos do analfabetismo.

A imagem do Rei Sol, Luís XIV governando sozinho, favorecido pelas vitórias nas Guerras de Devolução (1667 - 1668) e Holandesa (1672 - 1678) mostra todo o interesse e esforço para que o rei seja representado como um herói.Todo esse sistema, arquitetado por Jean Baptiste Colbert caracterizou-se por uma burocratização crescente da produção artística, a saber: a criação de um sistema de academias; a administração cada vez maior de diretores, superintendentes ou inspetores (funcionários públicos) e a formação de comitês, principalmente a petite académie que supervisionava essa fabricação. Partindo do centro e reafirmando Luís XIV como o maior patrocinador das artes, esse sistema funcionava sempre no sentido de glorificá-lo. Em outras palavras, a glorificação do soberano seria o mecanismo que movia todo o funcionamento desse sistema.Entretanto, essa fabricação de uma imagem poderosa de Luís XIV, não apresenta o poder de forma com ele realmente existe, sem os conflitos que os interesses diversos proporcionam. Podemos perceber tal fato, no qual esse sistema de fabricação da imagem pública passa por uma reconstrução, com a morte de Colbert (1683) e a ascensão de Louvois.

Essa mudança implica não somente em estratégias diferentes de condução dessa organização como também de substituição de clientelas. Isso pode ser notado como a necessidade maior de contextualização da Fronda e dos diferentes interesses entre Luís XIV e Colbert em relação aos projetos artísticos dos palácios de Versailles e Louvre. Esse sistema procura sempre mostrar Luís XIV como um rei consciente de seu papel.Todavia, a fabricação da imagem de Luís XIV aponta para uma relação com a existência de uma certa fragilidade do poder desse soberano. Isso é explicado em dois momentos: as diversas crises porque passou seu governo - dentre elas a Fronda e as dificuldades econômicas e políticas a segunda fase de seu governo - e a comparação entre Filipe IV e Luís XIV, no que diz respeito às dinastias Habsburgo, já bem consolidada, e a Bourbon, ainda recente, procurando se fortalecer.